quinta-feira, 21 de março de 2013

Para a Indomável sonhadora

Retiro o que pensei. Ela DEVERIA ter ganhado o Oscar de melhor atriz. Mas não ganhou. E os motivos pra mim são óbvios: ela é criança. E negra. Mas como assim, existe racismo em Hollywood? Tantas atrizes negras já receberam o prêmio de melhor atriz... Tantas não, 12 (contanto as atrizes coadjuvantes) em 83 premiações. Enfim, é velado...



Assisti à premiação da estatueta de ouro desse ano sem ter visto nenhum dos filmes indicados, só de curiosidade mesmo. Fiquei um pouco impressionada com a indicação de uma criança, achei um pouco exagerado. Mas com base em que eu tinha tirado essa opinião? Com base no meu preconceito, afinal, pensava eu, uma criança tem que ser muito boa para merecer o Oscar aos seis anos de idade. Mas depois de ouvir o apresentador do evento realizar uma piadinha misógina e um comentário degradante sobre ela ser “cunt” (termo pejorativo para vagina, que dito a uma mulher é como chama-la de piranha, vadia, e dai pra baixo), tornou-se imperioso para mim assistir ao filme do qual ela era protagonista. Ora, se faziam tanto alarde em torno da sua indicação e a insultavam é porque a atuação dela era boa demais para os brancos de Hollywood não se importarem.



Hoje era o último dia de exibição do filme e queria porque queria vê-lo. Fui sozinha. No começo, o frio da sala de cinema me incomodava e não conseguia me concentrar no filme. Então que começa a mudança na vida da garotinha: ela precisa aprender a ser forte. Em breve estará sozinha e percebe que terá de se virar. O filme continua, o enredo não é lá grande coisa, conta a história de famílias esquecidas em locais inóspitos devido às intensas tempestades. Mas a câmera foca bastante o rosto da garota, bastante expressivo e natural, de modo que prende meu olhar na tela todo o tempo. O filme termina e eu saio chorando. E daí?



Lembrei que na vida real essa menina também teve de aprender cedo a ser forte: apesar do seu talento ela não ganha o Oscar (até ai tudo bem, não sei a atuação da vencedora para poder leigamente comparar) E é insultada por não suportarem seu brilhantismo. A atingiram discriminando-a, por sua idade, e indiretamente por sua cor (mulheres negras cansam de ouvir ‘piadinhas’ que as objetificam, como ser chamada de cunt...) e ela entende que não será fácil.



Quantas crianças negras terão de ‘aprender a ser fortes’ (mesmo quando não devem ser, crianças são frágeis!) por conta da discriminação de raça e gênero? Infelizmente, não sei. Mas no dia internacional pela eliminação da discriminação racial, deixo a minha homenagem a essa prodigiosa atriz.


And the Oscar goes to: Quvenzhané Wallis!

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Larissa Araújo
Indignada latino-americana, a Lari vem tentando mudar o mundo e a si mesma. O Feminismo tem ajudado bastante.


quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Sexo: fazendo o fim do mundo mais prazeroso





Quando me pediram pra escrever sobre sexualidade e fim do mundo, fiquei pensando, mas que diabos uma coisa tem a ver com a outra? Se o mundo acabar, as pessoas vão deixar de transar, simples assim... Mas daí comecei a refletir que na verdade tem tudo a ver, porque eu não acredito que o mundo vá acabar de verdade, mas é bem possível que essas previsões que tenham sido feitas tenham a ver com uma mudança astrológica muito importante, que vá afetar a vida de milhões de pessoas.




Cada pessoinha tem um signo do zodíaco regente, do calendário chinês, um/a orixá, ou qualquer outro deus/símbolo que esteja diretamente relacionado com os astros. Eu, por exemplo, com Vênus regendo meu signo, possuo um comportamento sexual muito típico de taurinos. Isso significa ter uma sensualidade muito aflorada e outras cositas más.

De modo muito sucinto, o astrólogo Martin Schulman explica que Astrologicamente, a energia sexual se origina em Plutão, nas profundezas do inconsciente, e realiza um grande trajeto até chegar a Saturno - o filtro, a restrição, com seus julgamentos, o carma, limites, crenças (religião/espiritualidade) e tabus. Depois do crivo saturnino, que lhe dá forma, será ou não liberada para Júpiter e dar seguimento para Marte.

Marte ajuda Júpiter a superar a barreira de Saturno. Como o consumo da energia sexual em Marte, ela se modifica, incorporando sentimentos de amor em Vênus, que a suaviza. As trocas yang-yin levam a uma compreensão maior um dx outrx. Essa energia, originariamente bruta e forte, abrandada por Vênus, consegue ascender até Mercúrio, que traz uma compreensão maior dx parceirx, a comunicação, na junção de corpos, nas auras que trocam energias e experimentam o "Deus" que existe nx companheirx. Esta seria a expressão máxima da relação sexual, sua plenitude. Claro que, se Vênus não incorporar o amor, essa energia não seguirá o seu fluxo até Mercúrio, onde a satisfatória fusão de frequências poderá perdurar por semanas. 

O orgasmo mental vem por Mercúrio, e o orgasmo emocional pela Lua, o princípio reativo. A Lua, além de agregar emoção ao encontro, retém a lembrança do que foi experimentado, e nutre o Ser com o gostinho de se ter conseguido expressar a função primitiva da procriação. Mas, até chegar a Mercúrio, outros elementos se apresentam no caminho. 


Netuno traz a fantasia sexual, uma espécie de filminho mental que criamos e que serve para nos colocar em contato com o nosso inconsciente. A imaginação, a ilusão, o sonho netuniano age como amortecedor dessa imensa energia. Damos forma, propriedade, um fim para ela e a canalisamos para o que desejamos. 


Urano simboliza o magnetismo sexual. Se temos a energia - Plutão, e a canalisamos - Netuno, agora buscamos um parceiro ou parceira para expressá-la. Aí entra Urano. Um Urano "forte", no mapa natal, faz com que pessoas menos bonitas tenham maior poder de atração do que pessoas bonitas, mas com um Urano "fraco". Um Sol "forte", bem aspectado e integrado na psique, também pode ajudar nesse magnetismo.
 

Obviamente essa foi um resuminho que você pode ou não acreditar (é bem difícil de acreditar né?), porque os desejos, fantasias e comportamentos sexuais são construídos socialmente, de modo que ninguém nasce mais ou menos afeminado porque é regido por Vênus. Mas imaginem que esse “fim do mundo” seja uma mudança astrológica fenomenal que faça todos os seres humanos entenderem que as energias sexuais e amorosas devem circular muitíssimo mais que as energias de ódio e inveja. Imagina, todo mundo transando mais, com mais liberdade para assumir suas orientações sexuais, sem medo de apostar no amor livre? Pausa. Seria do caralho.

Mas como a gente num sabe como vai ser o fim do mundo né, então, como boa taurina que sou vou bem aproveitar os meus últimos dias amando muito. Pra você que num tinha pensado no que fazer até o dia 21, fica a dica: dá uma olhadinha no seu signo regente, descubra seu ponto forte e transe muito. Assim você vai poder dizer que gozou a vida!


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 Capitu

Gosta de música, de sexo e de outras atividades não muito banais. Voraz, cultiva fantasias e não tem medo de realizar seus desejos.
 

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Resistência



Não acho que as mães devam ser mãe sacrifício, mãe que dobra a espinha pela cria e que desaparece em um caracol de tão dobrada que fica, ainda mais se estão grávidas, vivenciando um turbilhão de emoções e cheias de fragilidade.

Mas normalmente são essas as coisas que pedem às mulheres grávidas quando se trata dos pais dos seus filhos: "engula", "silencie", "perdoe", "esqueça"... "Ele tem o direito de curtir a gravidez e você deve estar a disposição pra isso." 
E se a mulher por algum motivo não quer chegar perto dele? Aí ela escuta: "Como você está sendo egoísta, injusta", "Você quer fazer alienação parental?", "Depois se ele não quiser assumir a paternidade, a culpa será sua."



Se a mulher tem uma barriga que cresce, mesmo que seja de alguém que lhe deu as costas e que lhe magoou ou até mesmo quando deu as costas pra essa barriga (que é da mulher, que é a mulher também), ela tem que aceitar quando esse pai decide se aproximar e parece que deve agradecer porque ele quis se aproximar e ela tem mais é que se contentar com isso.

Mas ela tem mesmo?
"É o pai do seu filho", lhe dizem.
É. É o pai do seu filho...
E por vezes não é nem esse pai que cobra tudo isso. Por vezes ele até se esforça pra lembrar que além do filho que é dele, há a mulher que um dia ele possa ter magoado. As vezes ele até respeita a distância e participa da gravidez de uma forma que não fira ainda mais a mulher que um dia ele possa ter amado... mas quando não é ele diretamente, a sociedade (não a mais distante, mas até os amigos, as famílias de ambos) cobra isso. E que doa a quem doer que o pai possa ser pai, mesmo desde a gestação.

O pai é importante na nossa estrutura social. Cobra-se a sua presença. De uma forma bem peculiar (de uma cobrança não cobrada, de um essencial que é ausente, mesmo quando presente...)

Mas não são as mulheres as mães? Não são elas que carregam a cria, que estão alimentando e gerando? E "atrás" dessa mãe não existe, por acaso, uma mulher, existe também uma pessoa?

As mulheres não deixam de ser elas mesmas nesse processo. Elas existem, estão ali, sabe? Não são chocadeiras. Não são barriga, peitos e despreendimento. E depois da criança nascida, não serão só a mãe dela. Elas também serão mãe. Mas serão pessoas também.


Mas voltemos à participação na gestação... Pra permitir esse acompanhamento da gravidez o contato é inevitável, já que não há como ser intermediado por um terceiro. É saudável esse acompanhamento pra se gere o vinculo pai/filho/a, dizem. É, é verdade, mas desde que a mulher que gera se sinta bem com esse contato.

E aí eu me pergunto: diante dos encontros com os pais, como as mulheres têm que se deparar com eles? Até onde eles podem ir? Pode-se deixar que eles tocar na barriga, que beijem? Deve-se suportar um abraço quando ainda há mágoa presente? Deve-se forçar uma relação de amizade? 

E se ela sente um aperto no peito e medo só de imaginá-lo a tocando? E quando a aproximação dele vem uma sensação de dor e tudo que ele disse a ela antes e mesmo fez chegam em enxurrada e que lhe fazem tremer e chorar? O que fazer?

O filho que estufa a barriga é dos pais também, é deles também.  Também. Esse "também" quer dizer que existe outra pessoa ali: a mulher. A barriga é da mulher. O corpo é dela. O corpo é ela. E quem pode determinar o limite senão ela? É quem somos nós pra julgar esse limite que ela está dando?

"Mas é o pai do seu filho, você tem que permitir que ele se aproxime", lhe dizem.
Mas é ela ali. E essa barriga faz parte dela. E é o corpo dela.

Antes de falar a alguém "é o pai do seu filho", pense em falar "é o seu corpo, faça o que lhe é desejável, haja pelo menos até onde o seu coração não estiver em frangalhos. Se isso quer dizer que vai deixar o pai do seu filho lhe tocar, se vai conseguir lhe dar um abraço ou se o seu limite é simplesmente estar no mesmo local onde ele esteja e lhe dirigir a palavra com tranquilidade, o que importa é que você só caminhe até onde é o seu limite."

Uma afirmação dessa é muito mais respeitosa. 

Mas dá pra fazer uma torcida silenciosa para que tudo fique bem e tranquilo, que se esqueçam as mágoas, que todas e todos virem uma grande família onde até as/os novas/os companheiros/as de um e outra até se dêem muito bem. A torcida pode ser feita. Isso dá pra fazer, pra que todo mundo fique sossegado e feliz... a mãe, que é uma pessoa, o pai, que é outra pessoa e a criança, que é outra. Isso é louvável.

Só não confunda a sua torcida com o pedido pra mulher esquecer de ser ela mesma em nome de um padrão de família que só causa mal estar quando não se há o terreno pra que ela floresça.

Não esqueçam que atrás da barriga e dos peitos que incham há uma mulher que nunca esteve tão frágil em toda a sua vida. A respeite. Lhe dê a mão. Não a julgue. A onda de amor que pode surgir desse ato de respeito e compreensão chega até o bebê... e mais...  eu acredito que pode encher tanto da mulher a tal ponto, que essa energia transborde e se expanda pra fora dela, a iluminando e ela passe a ser sol que ilumina o mundo...
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 Anônima

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Como uma xícara muito bem quebrada...



Algumas relações machucam a gente tão profundamente
Que são iguais a uma xícara que se quebra em muitos pedaços


Mas em tantos pedaços
Mas tão bem quebrada
Que é impossível colá-la de novo e fazer com que volte a ser uma xícara
Por melhor que seja a cola
Por mais exímio e perspicaz que seja o artesão
Fica sempre uma fissura irremediável
E o que quer que você coloque dentro
Vaza...



Fico aqui com medo dos sorrisos amarelos que vou dar
Fico aqui com várias voltas na barriga
Matigações do intestino
Frios na espinha
E revivendo as lágrimas roladas
A dor vivida
Que se mostra tão presente
As feridas estando ainda tão abertas

O tempo passou
As coisas mudaram
Eu não fui derrubada de novo, pelo contrário, agem de forma a estender tapetes por onde eu vá caminhar
Mas eu manco, porque caí e da queda ainda doem os ossos
A relação se quebrou de uma forma que não se volta
Perdeu-se um algo, se teve que sufocar um algo que não se retoma


Se suporta, mas não se cura
É a perda de um momento que era pra ser de alegria e paz, porque forçado ao silêncio, não se esquece
A mágoa fica, pode ir diminuindo com o tempo, mas fica.


Então não adiantam os tapetes vermelhos
Se eles são estendidos em cima da carne ainda tão machucada

Estou como uma xícara muito bem quebrada que tenta se remendar
A gente suporta, engole, enfrenta, mas de cabeça só meio erguida

E não posso dar mais a você do que um sorriso amarelo que pode até dizer um leve brisa de alegria pela mudança de comportamento que deveria estar presente desde o princípio, mas que vem faz tremer o rosto com qualquer coisa de medo, de nervoso, de dor e de vergonha."
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Anônima

sábado, 27 de outubro de 2012

MULHERES e MOTOr(eS)





Desde pequenina na garupa do meu pai, me apaixonei pela liberdade de andar de moto. Hoje tenho certeza que a única coisa  melhor que andar de moto é andar de moto sem capacete. Não sugiro, claro, que façam isso por aí pelo trânsito, nem costumo praticar tal estripulia, mas nada como o vento batendo no rosto e todo o poder da velocidade às suas mãos com a sensação de estar prestes a voar.

Foto: Paulo Ito, no Flickr, em CC (alguns direitos reservados).
Tive uma primeira moto, uma Lead 110 da Honda, há pouco tempo. Adorava que ela era bege e quase dourada, mas acabei vendendo pra me mudar de cidade, coisa que nunca fiz, o que me levou, este ano, a comprar uma nova, muito parecida. Uma Burgman I da Suzuki.
 

Meu interesse, no entanto, não para na locomoção simples, sem trânsito e barata das motoquinhas. Acabo lendo um pouco, me informando um pouco e fazendo algumas reflexões sobre os modelos e tipos disponíveis por aí. Para quem quer, portanto, sentir a liberdade de pilotar (quase) sem se preocupar com gasolina, trânsito e estacionamento, seguem algumas dicas
.
Tudo vai depender, claro, do pra que você quer a moto, e quais coisas pretende ter como conforto. Por exemplo, a moto mais barata da Honda, a POP 100, tem suas vantagens. Ela é 100 cilindradas, que é quase um carro 0.8. O preço é ótimo, mas não é muito boa para pegar estrada ou pistas de alta velocidade. Seu consumo é bom, mas seu conforto é zero.Ela não tem partida elétrica, por exemplo, o que te coloca dando coice na moto até o talo pra pegar o jeito. Pessoalmente a acho muito gracinha por que parece um gafanhoto, deveria vir na cor verde. 

Aí tem a Bis (que tem com ou sem partida elétrica - é a diferença entre ligar a moto na chave ou num coice com a perna esquerda). Ela é semi-automática, o que significa que você passa a marcha, mas não usa embreagem. Tem muita peça e muita quantidade no mercado, desvaloriza relativamente rápido (é quase um Fiat uno das motos). Ela não tem compartimento, então você teria que colocar baú se não quiser ficar carregando capacete e casaco, mas é mais barata que os modelos scooter por aí.

Das scooters, três são as que considero boas opções: A Suzuki Burgman, a Honda Lead e a IROS Vintage. Em preço, elas não variam muito. Em torno dos 6, 7 mil reais. A Lead é a que tem maior espaço interno (cabe dois capacetes em baixo do banco), e, por ser Honda, o suporte técnico é melhor. A Burgman é mais barata um pouco, mas tem menos espaço. Ela é 125, mais forte um pouco que a Lead (a Lead é 110 cilindradas, mais ou menos 0.9 e a Burgman seria uma 1.0).

A IROS é a mais barata das três, a mais bonita, mas com uma suspensão dianteira meio ruim e a que tem menos espaço abaixo do banco. As três são econômicas, mas a IROS é a que consome mais combustível, e a Burgman a que consome menos, a diferença não é grande, no entanto. Estas todas são totalmente automáticas e com partida elétrica.

Daí você tem algumas scooters da Yamaha e da Dafra, mas que não conheço bem, o que sei é que não são empresas com bom suporte técnico ou com grande investimento em desenvolvimento tecnológico - em geral, isso afeta bastante a satisfação de um consumidor, pois gera problemas para resolver problemas. Algumas são bem bonitas, como motores mais fortes até, mas é bom se informar bastante sobre o suporte que a empresa oferece após a venda.

Daí você pode ir pro modelo motoboy, que são, em geral, mais baratas, mas não são automáticas e consomem mais. Também não tem partida elétrica (nos casos mais econômicos) e nem espaço pra guardar coisas - acredite, isso faz bastante diferença.
Outras informações em geral...

A força das motos é medida em cilindradas, não compre nada abaixo de 100 (equivalente a 0.8 de um carro) e nem acima de 150 (uma 1.2 quase), pois é difícil controlar a velocidade da moto para quem começa, o ideal é subir com o tempo e experiência. Se for comprar usada, lembre-se que a revisão da moto é de 2.000 em 2.000 quilômetros mais ou menos, então uma moto de 5.000 quilômetros equivale a um carro de mais ou menos 30.000 quilômetros rodados. Uma usada será consideravelmente mais barata, mas tente checar a procedência, saber se era usada profissionalmente ou a passeio - e, idealmente, não compre nada que tenha mais de dois anos, o preço do mercado cai muito depois disso, e se você for revender terá muito trabalho.

O que também é muito importante considerar – inclusive financeiramente – são os acessórios. É bom investir em um casaco com proteção e capacete, que podem ser caros ou baratos, mas que variam MUITO em qualidade.

Além de toda a parte técnica da moto e outras dicas de segurança, é muito bom estar atenta para questões de gênero. Ó não, elas estão em todos os lugares. Sim, andar de moto é uma atividade (considerada) muito masculina. Isso significa que há um estigma de lésbica (pera aí, isso é ruim??) que mulheres podem sofrer caso não usem o típico capacete cor-de-rosa com adesivos de borboletas e corações. Mas, muito além disso, há também o assédio das ruas, que sofremos, também, quando motorizadas. Havendo um motoqueiro no sinal parado com você, tenha certeza que ele vai exibir olhares interessados no corpo que, muitas vezes, se esconde atrás da mesma capa de chuva que ele usa. 

Não há, no entanto, alternativa melhor do que ocupar este espaço também. Tomemos as ruas todas motorizadas!


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Por Catarina Corrêa, convidada especial.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Por que temos necessidade de amar alguém?

 
 
 Tá, eu sei que somos seres sociais, que se constroem e se identificam uns com os outros. Mas por quê é tão difícil essa construção e identificação? 
 
Foto: Artamir, no Flickr, em CC (alguns direitos reservados).
 
Experiências reais tem sido muito loucas e intensas, mas parece sempre faltar algo. Dai penso, poxa, mas não existe par perfeito, é tudo ilusão e fantasia da nossa cabeça. Mas quem disse que uma ilusão não pode virar realidade? Ai me contento e me alegro (!) com amores platônicos, a milhares de km de distância, sabe-se lá onde encontrá-los. Mas eles são ilusão e até virarem realidade, continuo vivendo o real imperfeito. O pior é quando nos damos conta que também somos imperfeitos, que podemos não corresponder ao que os outros procuram para se construir e se identificar. Já se sentiu fora de si, como se sua alma, espiritu, sei lá o que, estivesse fora do seu corpo? Ou melhor, no corpo errado? Caracas, minha cabeça vai dar um nó! Essa mania de tentar racionalizar e REALilzar tudo na cabeça... No fim das contas acho que tenho medo de morrer velha, corroída pelas arrependimentos. Velha no sentido ruim, de solidão forçada. É difícil ser feminista no dia-a-dia, ainda mais quando tentamos não ser as feministas que estereotipamos, que odeiam homens e são mal-amadas. 

Ah, dane-se! Deixa eu continuar tentando, melhor do que me arrepender do que não fiz.
 
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Larissa Araújo
Indignada latino-americana, a Lari vem tentando mudar o mundo e a si mesma. O Feminismo tem ajudado bastante.
 
 

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Mãe...

Amor...

Hoje eu disse sim pra você, mas um sim de um jeito muito forte, sabe? Um sim pro nosso futuro. Disse porque não haveria nada mais a dizer que esse sim, porque eu já tinha ultrapassado a linha que desde o começo se mostrava tão tênue, de um jeito que não dava mais pra voltar. Não. Não seria mais eu porque você, projeto de pessoinha, já faz parte de mim. O biológico já se fez poesia e canção, já se fez sentimento e amor. Você vem e mexe com o meu corpo, acaba com o meu equilíbrio e me deixa tonta... E ao invés de me sentir incomodada... eu... gosto. 

Diana Melo. Foto de Jon Galvão/Arquivo Pessoal

E o pensar em mim agora sem isso e sem o que virá é o que me causa uma dor que não consegui medir e que me deu uma tristeza tão profunda que eu percebi que eu não podia mais fazer as coisas ficarem como antes, porque eu mesma já não era a mesma. E então eu disse sim, porque não havia mais o que dizer se eu já estava imersa nessa corrente, fazendo parte dessa corrente de ar, sendo esse próprio vento. E, agora, criaturinha, vou te carregando comigo onde eu for. Não se preocupe, que eu vou cuidar de você e o que eu fizer é porque eu acredito que eu posso ajudar a construir um mundo mais amoroso, colorido e feliz. Quando você crescer, vou ficar muito feliz se você quiser continuar vindo comigo. De mãos dadas com as mãos espalmadas ou em coração, seguindo o seu próprio caminho. Mas, por enquanto, quando você chegar e eu olhar a sua carinha, eu te protejo. Vou te pegar no colo ou te dar a mão e vamos seguir, meu amor. Eu já te amo muito. Eu disse sim pra você, pra mim, pra gente fazer um mundo novo.




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Diana Melo
"Feminista desde sempre, pra construir coletivamente o direito de que eu, como mulher, tenha a liberdade de ser o que eu quiser ser, amar da forma que eu quiser amar e estar onde eu quiser estar."
Maranhense, advogada militante da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos - Escritório Brasília e responsável pelos debates de Combate à Tortura e Violência Institucional; Educadora popular desde 2002, a partir da experiência do Núcleo de Assessoria Jurídica Universitária Popular - NAJUP "Negro Cosme" e atualmente colaboradora de projetos de extensão da UNB, (Promotoras Legais Populares) e UFMA (Najup Negro Cosme). Integrou o Grupo de Mulheres da Ilha do Maranhão e atualmente milita no Coletivo A-grupa, que discute feminismos e relações de gênero, " pervertendo a separação entre razão e sensibilidade". Também é colunista do blog http://assessoriajuridicapopular.blogspot.com

Mãe?



Tenho, diante de mim, a oportunidade de, mais uma vez, fazer as coisas de um modo diferente. A partir de uma sociabilidade em que eu acredito, um tanto estranha e alheia à que eu tive, a partir de outros valores calcados na solidariedade, no amor, na partilha, na luta pela vida e alegria, a partir de uma nova compreensão do que é família.
Foto: Arquivo pessoal
 
Ou não, a oportunidade pode vir enquanto um grande desafio, quem sabe intransponível... porque sei o quanto uma nova realidade pode atuar enquanto reconfigurante de estradas e o quanto a minha energia que hoje está tomada de tarefas importantes, de coisas que dependem de minhas mãos, minha fala, meus gestos e sedução pra acontecerem podem ser completamente redimensionadas e eu posso me perder no meio desse novo papel que eu vou assumir.

Vários medos me atingem...

Conjugar essas coisas será abrir mão da minha potencialidade na política? Como eu vou ser mãe e fazer tudo isso? Nesse contexto tão difícil em que as pessoas não percebem o quanto as crianças devam fazer parte da construção desse mundo novo? O quanto as pessoas ainda não percebem que o cuidado com as pequenas e pequenos deve ser compartilhado?

E o meu existir transviado, como vai sobreviver a isso tudo? Minha liberdade, minha nudez, minha cara ao vento, meu ser sendo vento. E fogo. Meus sorrisos sacanas. O sexo compartilhado, o desbunde pro mundo... Como? O que serei eu depois disso?

Mas aí eu sorrio...
Foto: Arquivo pessoal
É que esse medo surge misturado com uma coragem e a sensação de que mais uma vez vou perverter as medidas e ser desmedida sem perder o amor e sem deixar de ser tão intensa. 

Como será uma mãe que é vento e fogo ao mesmo tempo?


O que é que eu vou aprontar nesse mundo?

Acho que aqueles e aquelas apegados com os rosários e as bíblias deveriam pensar duas, três vezes, antes de forçarem a uma mulher como eu a ser mãe. Até porque eles não conseguem impor isso, por mais que tentem... não sobre mulheres como eu... porque eles não me controlam com as suas regras de não aborto. A decisão foi minha, mas isso eu explico em outro texto.
Depois de grávida, a decisão de gestar foi minha, foi minha escolha. E quando uma mulher como eu decide gestar, parir e criar... tudo isso está bem longe de ser o que eles entendem por isso. 

Eles sabem e fazem uma cartilha tão poderosa de como deve ser o comportamento de uma grávida que é preciso lutar dia a dia para continuar livre. As pessoas me dizem o que fazer, para onde devo ir e o mais forte: o que devo deixar de fazer e para onde não posso mais ir... E isso não tem nada a ver com saúde, tem a ver com moralidade e controle.

Mas não. Eu continuo escolhendo. E a minha escolha não é a escolha deles. As lutas que serão travadas pela afirmação do meu ser mãe vão contra tudo em que eles acreditam.
 Uma mãe que é vento e tempestade


e fogo
O meu corpo grávido é meu. Ninguém manda nele.

Vem, criança, cresça... nasça... 

Sigamos e vamos mostrar pro mundo como se ama.

E vamos incendiar o país!



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Diana Melo

"Feminista desde sempre, pra construir coletivamente o direito de que eu, como mulher, tenha a liberdade de ser o que eu quiser ser, amar da forma que eu quiser amar e estar onde eu quiser estar."
Maranhense, advogada militante da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos - Escritório Brasília e responsável pelos debates de Combate à Tortura e Violência Institucional; Educadora popular desde 2002, a partir da experiência do Núcleo de Assessoria Jurídica Universitária Popular - NAJUP "Negro Cosme" e atualmente colaboradora de projetos de extensão da UNB, (Promotoras Legais Populares) e UFMA (Najup Negro Cosme). Integrou o Grupo de Mulheres da Ilha do Maranhão e atualmente milita no Coletivo A-grupa, que discute feminismos e relações de gênero, " pervertendo a separação entre razão e sensibilidade". Também é colunista do blog http://assessoriajuridicapopular.blogspot.com

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