sábado, 27 de outubro de 2012

MULHERES e MOTOr(eS)





Desde pequenina na garupa do meu pai, me apaixonei pela liberdade de andar de moto. Hoje tenho certeza que a única coisa  melhor que andar de moto é andar de moto sem capacete. Não sugiro, claro, que façam isso por aí pelo trânsito, nem costumo praticar tal estripulia, mas nada como o vento batendo no rosto e todo o poder da velocidade às suas mãos com a sensação de estar prestes a voar.

Foto: Paulo Ito, no Flickr, em CC (alguns direitos reservados).
Tive uma primeira moto, uma Lead 110 da Honda, há pouco tempo. Adorava que ela era bege e quase dourada, mas acabei vendendo pra me mudar de cidade, coisa que nunca fiz, o que me levou, este ano, a comprar uma nova, muito parecida. Uma Burgman I da Suzuki.
 

Meu interesse, no entanto, não para na locomoção simples, sem trânsito e barata das motoquinhas. Acabo lendo um pouco, me informando um pouco e fazendo algumas reflexões sobre os modelos e tipos disponíveis por aí. Para quem quer, portanto, sentir a liberdade de pilotar (quase) sem se preocupar com gasolina, trânsito e estacionamento, seguem algumas dicas
.
Tudo vai depender, claro, do pra que você quer a moto, e quais coisas pretende ter como conforto. Por exemplo, a moto mais barata da Honda, a POP 100, tem suas vantagens. Ela é 100 cilindradas, que é quase um carro 0.8. O preço é ótimo, mas não é muito boa para pegar estrada ou pistas de alta velocidade. Seu consumo é bom, mas seu conforto é zero.Ela não tem partida elétrica, por exemplo, o que te coloca dando coice na moto até o talo pra pegar o jeito. Pessoalmente a acho muito gracinha por que parece um gafanhoto, deveria vir na cor verde. 

Aí tem a Bis (que tem com ou sem partida elétrica - é a diferença entre ligar a moto na chave ou num coice com a perna esquerda). Ela é semi-automática, o que significa que você passa a marcha, mas não usa embreagem. Tem muita peça e muita quantidade no mercado, desvaloriza relativamente rápido (é quase um Fiat uno das motos). Ela não tem compartimento, então você teria que colocar baú se não quiser ficar carregando capacete e casaco, mas é mais barata que os modelos scooter por aí.

Das scooters, três são as que considero boas opções: A Suzuki Burgman, a Honda Lead e a IROS Vintage. Em preço, elas não variam muito. Em torno dos 6, 7 mil reais. A Lead é a que tem maior espaço interno (cabe dois capacetes em baixo do banco), e, por ser Honda, o suporte técnico é melhor. A Burgman é mais barata um pouco, mas tem menos espaço. Ela é 125, mais forte um pouco que a Lead (a Lead é 110 cilindradas, mais ou menos 0.9 e a Burgman seria uma 1.0).

A IROS é a mais barata das três, a mais bonita, mas com uma suspensão dianteira meio ruim e a que tem menos espaço abaixo do banco. As três são econômicas, mas a IROS é a que consome mais combustível, e a Burgman a que consome menos, a diferença não é grande, no entanto. Estas todas são totalmente automáticas e com partida elétrica.

Daí você tem algumas scooters da Yamaha e da Dafra, mas que não conheço bem, o que sei é que não são empresas com bom suporte técnico ou com grande investimento em desenvolvimento tecnológico - em geral, isso afeta bastante a satisfação de um consumidor, pois gera problemas para resolver problemas. Algumas são bem bonitas, como motores mais fortes até, mas é bom se informar bastante sobre o suporte que a empresa oferece após a venda.

Daí você pode ir pro modelo motoboy, que são, em geral, mais baratas, mas não são automáticas e consomem mais. Também não tem partida elétrica (nos casos mais econômicos) e nem espaço pra guardar coisas - acredite, isso faz bastante diferença.
Outras informações em geral...

A força das motos é medida em cilindradas, não compre nada abaixo de 100 (equivalente a 0.8 de um carro) e nem acima de 150 (uma 1.2 quase), pois é difícil controlar a velocidade da moto para quem começa, o ideal é subir com o tempo e experiência. Se for comprar usada, lembre-se que a revisão da moto é de 2.000 em 2.000 quilômetros mais ou menos, então uma moto de 5.000 quilômetros equivale a um carro de mais ou menos 30.000 quilômetros rodados. Uma usada será consideravelmente mais barata, mas tente checar a procedência, saber se era usada profissionalmente ou a passeio - e, idealmente, não compre nada que tenha mais de dois anos, o preço do mercado cai muito depois disso, e se você for revender terá muito trabalho.

O que também é muito importante considerar – inclusive financeiramente – são os acessórios. É bom investir em um casaco com proteção e capacete, que podem ser caros ou baratos, mas que variam MUITO em qualidade.

Além de toda a parte técnica da moto e outras dicas de segurança, é muito bom estar atenta para questões de gênero. Ó não, elas estão em todos os lugares. Sim, andar de moto é uma atividade (considerada) muito masculina. Isso significa que há um estigma de lésbica (pera aí, isso é ruim??) que mulheres podem sofrer caso não usem o típico capacete cor-de-rosa com adesivos de borboletas e corações. Mas, muito além disso, há também o assédio das ruas, que sofremos, também, quando motorizadas. Havendo um motoqueiro no sinal parado com você, tenha certeza que ele vai exibir olhares interessados no corpo que, muitas vezes, se esconde atrás da mesma capa de chuva que ele usa. 

Não há, no entanto, alternativa melhor do que ocupar este espaço também. Tomemos as ruas todas motorizadas!


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Por Catarina Corrêa, convidada especial.

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