Desde pequenina na garupa do meu
pai, me apaixonei pela liberdade de andar de moto. Hoje tenho certeza que a
única coisa melhor que andar de moto é
andar de moto sem capacete. Não sugiro, claro, que façam isso por aí pelo
trânsito, nem costumo praticar tal estripulia, mas nada como o vento batendo no
rosto e todo o poder da velocidade às suas mãos com a sensação de estar prestes
a voar.
Foto: Paulo Ito, no Flickr, em CC (alguns direitos reservados). |
Meu interesse, no entanto, não
para na locomoção simples, sem trânsito e barata das motoquinhas. Acabo lendo
um pouco, me informando um pouco e fazendo algumas reflexões sobre os modelos e
tipos disponíveis por aí. Para quem quer, portanto, sentir a liberdade de
pilotar (quase) sem se preocupar com gasolina, trânsito e estacionamento,
seguem algumas dicas
.
Tudo vai depender, claro, do pra
que você quer a moto, e quais coisas pretende ter como conforto. Por exemplo, a
moto mais barata da Honda, a POP 100, tem suas vantagens. Ela é 100
cilindradas, que é quase um carro 0.8. O preço é ótimo, mas não é muito boa
para pegar estrada ou pistas de alta velocidade. Seu consumo é bom, mas seu
conforto é zero.Ela não tem partida elétrica, por exemplo, o que te coloca dando coice na moto
até o talo pra pegar o jeito. Pessoalmente a acho muito gracinha por que parece
um gafanhoto, deveria vir na cor verde.
Aí tem a Bis (que tem com ou sem
partida elétrica - é a diferença entre ligar a moto na chave ou num coice com a
perna esquerda). Ela é semi-automática, o que significa que você passa a
marcha, mas não usa embreagem. Tem muita peça e muita quantidade no mercado,
desvaloriza relativamente rápido (é quase um Fiat uno das motos). Ela não tem
compartimento, então você teria que colocar baú se não quiser ficar carregando
capacete e casaco, mas é mais barata que os modelos scooter por aí.
Das scooters, três são as que
considero boas opções: A Suzuki Burgman, a Honda Lead e a IROS Vintage. Em
preço, elas não variam muito. Em torno dos 6, 7 mil reais. A Lead é a que tem maior espaço
interno (cabe dois capacetes em baixo do banco), e, por ser Honda, o suporte
técnico é melhor. A Burgman é mais barata um pouco,
mas tem menos espaço. Ela é 125, mais forte um pouco que a Lead (a Lead é 110
cilindradas, mais ou menos 0.9 e a Burgman seria uma 1.0).
A IROS é a mais barata das três,
a mais bonita, mas com uma suspensão dianteira meio ruim e a que tem menos
espaço abaixo do banco. As três são econômicas, mas a
IROS é a que consome mais combustível, e a Burgman a que consome menos, a
diferença não é grande, no entanto. Estas todas são totalmente automáticas e
com partida elétrica.
Daí você tem algumas scooters da
Yamaha e da Dafra, mas que não conheço bem, o que sei é que não são empresas
com bom suporte técnico ou com grande investimento em desenvolvimento
tecnológico - em geral, isso afeta bastante a satisfação de um consumidor, pois
gera problemas para resolver problemas. Algumas são bem bonitas, como motores
mais fortes até, mas é bom se informar bastante sobre o suporte que a empresa
oferece após a venda.
Daí você pode ir pro modelo motoboy,
que são, em geral, mais baratas, mas não são automáticas e consomem mais.
Também não tem partida elétrica (nos casos mais econômicos) e nem espaço pra
guardar coisas - acredite, isso faz bastante diferença.
Outras informações em geral...
A força das motos é medida em
cilindradas, não compre nada abaixo de 100 (equivalente a 0.8 de um carro) e
nem acima de 150 (uma 1.2 quase), pois é difícil controlar a velocidade da moto
para quem começa, o ideal é subir com o tempo e experiência. Se for comprar usada, lembre-se
que a revisão da moto é de 2.000 em 2.000 quilômetros mais ou menos, então uma
moto de 5.000 quilômetros equivale a um carro de mais ou menos 30.000 quilômetros
rodados. Uma usada será consideravelmente mais barata, mas tente checar a procedência,
saber se era usada profissionalmente ou a passeio - e, idealmente, não compre
nada que tenha mais de dois anos, o preço do mercado cai muito depois disso, e
se você for revender terá muito trabalho.
O que também é muito importante
considerar – inclusive financeiramente – são os acessórios. É bom investir em um
casaco com proteção e capacete, que podem ser caros ou baratos, mas que variam
MUITO em qualidade.
Além de toda a parte técnica da
moto e outras dicas de segurança, é muito bom estar atenta para questões de
gênero. Ó não, elas estão em todos os lugares. Sim, andar de moto é uma
atividade (considerada) muito masculina. Isso significa que há um estigma de
lésbica (pera aí, isso é ruim??) que mulheres podem sofrer caso não usem o
típico capacete cor-de-rosa com adesivos de borboletas e corações. Mas, muito
além disso, há também o assédio das ruas, que sofremos, também, quando
motorizadas. Havendo um motoqueiro no sinal parado com você, tenha certeza que
ele vai exibir olhares interessados no corpo que, muitas vezes, se esconde
atrás da mesma capa de chuva que ele usa.
Não há, no entanto, alternativa
melhor do que ocupar este espaço também. Tomemos as ruas todas motorizadas!
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Por Catarina Corrêa, convidada especial.
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