Algumas relações machucam a gente tão profundamente
Que são iguais a uma xícara que se quebra em muitos pedaços
Mas em tantos pedaços
Mas tão bem quebrada
Que é impossível colá-la de novo e fazer com que volte a ser uma xícara
Por melhor que seja a cola
Por mais exímio e perspicaz que seja o artesão
Fica sempre uma fissura irremediável
E o que quer que você coloque dentro
Vaza...
Fico aqui com medo dos sorrisos amarelos que vou dar
Fico aqui com várias voltas na barriga
Matigações do intestino
Frios na espinha
E revivendo as lágrimas roladas
A dor vivida
Que se mostra tão presente
As feridas estando ainda tão abertas
O tempo passou
As coisas mudaram
Eu não fui derrubada de novo, pelo contrário, agem de forma a estender tapetes por onde eu vá caminhar
Mas eu manco, porque caí e da queda ainda doem os ossos
Perdeu-se um algo, se teve que sufocar um algo que não se retoma
Se suporta, mas não se cura
É a perda de um momento que era pra ser de alegria e paz, porque forçado ao silêncio, não se esquece
A mágoa fica, pode ir diminuindo com o tempo, mas fica.
Então não adiantam os tapetes vermelhos
Se eles são estendidos em cima da carne ainda tão machucada
Então não adiantam os tapetes vermelhos
Estou como uma xícara muito bem quebrada que tenta se remendar
A gente suporta, engole, enfrenta, mas de cabeça só meio erguida
E não posso dar mais a você do que um sorriso amarelo que pode até dizer um leve brisa de alegria pela mudança de comportamento que deveria estar presente desde o princípio, mas que vem faz tremer o rosto com qualquer coisa de medo, de nervoso, de dor e de vergonha."
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Anônima
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